sábado, 28 de março de 2009

O milagre que esperei nunca me aconteceu.


Não se pode viver de sonhos? Ou pode?
Pode ficar sonhando com a vida cor-de-rosa?
Nesses dezoito anos de rugas aprendi que até pode... mas na hora que você se vê coberta com o edredon até a cabeça e com os olhos inchados percebe que ter um pézinho na realidade faz bem.
Você nunca sabe o dia que vai ter que enfrentar. Pode saber que tem trabalho de introdução ao jornalismo e que precisa comprar uns livros pra faculdade, mas nunca sabe quando vai ter que passar por um ladrão de paciência. E eles são os piores! Comem uma fatia gorda e recheada do seu bolo de paciência e te deixa tremendo e com medo. Ai embaralha tudo. O trabalho tem que esperar, os livros também, porque você precisa ir pra cozinha tomar uma água com açúcar e fazer outro bolo.

Por isso que pra mim felicidade absoluta não existe, ela é mais uma daquelas mentirinhas que a sociedade conta pra você. E quanto aos sonhos deve-se tê-los de monte, mas tirá-los do mundo das sombras é essencial para começar a realizá-los. A base de tudo precisa ser real, senão fica fácil ser confundido com aquele que busca o pote de ouro do arco-iris e nunca sai do lugar.

Nos livros de auto-ajuda que abarrotam as prateleiras das livrarias não fala que o ser humano, é tão, tão, humano demais, pra alcançar sentimentos tão complexos. Ao invés de bolarem "150 passos pra buscar a felicidade" ou "Pense positivo e consiga" seria mais fácil incentivarem o encontro do nosso ponto de equilibrio, pra assim satisfazermos nossas necessidades de corpo e alma e nos mantermos ativos na cama elástica, se moldando conforme a vida pede. E claro, tudo isso no mundo das idéias.

E Deus existe! Eu sou uma recorrente de seus poderes! E pra mim ele tem a cara do meu avô, faz cafuné pra eu dormir, mas logo quando acordo me manda pra luta!
Queria que ele me desse um algodão doce bem grande, felpudo e sussurrasse no meu ouvido que eu posso viver de sonhos, mas ele prefiriu me ensinar a pescar. Brincalhão né?

Enfim, no meio desses nós doidos consigo ver que as lágrimas doem mas fazem parte da pescaria e que cor-de-rosa é muito enjoativa pra pintar o dia-a-dia.
Já os ladrões de paciência são necessários, e penso até que seja Deus que coloque-os no nosso caminho, porque assim somos obrigados a sempre reinventar as receitas do bolo. E é na cozinha esperando ele assar que a gente começa a pensar na vida e vê não é só a felicidade que é tão complexa assim...

5 comentários:

Fernanda L. disse...

"porque assim somos obrigados a sempre reinventar as receitas do bolo". Me lembrou um trecho de um post antigo onde eu disse que são nas entrelinhas da receita que se esconde o sabor. E concordo plenamente.

De qualquer forma, brigada pelo comentário e pelo elogio. É sempre bom receber críticas (ainda mais positivas) de alguém com mais experiência do que eu, tanto em termos de idade quanto termos de habilidade, afinal você faz jornalismo e eu ainda estou no primeiro ano.
E quanto aos sonhos... bem, coincidentemente acabei de falar deles em uma postagem um tanto quanto temperada de nostalgia, mais enfim.
A propósito, ganhou uma seguidora que adorou o seu blog - e não é puxa-saquismo, juro.

Debbys disse...

É né?? EU sei, pior que eu sei que a vida não é só coisas boas, que precisamos passar pelas ruin pra aprender e pra crescer, mas é tão ruim quando a sua própria família se tranforma nesse ladrão de bolo... aff, mas eu sobrevivo!! Adorei o texto! ^^
bjsss

Fernanda L. disse...

Sim, sim. Tenho 15 anos. Pirralha. :x

Ah, de fato, a J.K. é fantástica. Nem tanto no modo de escrever, mas pela trama e o jeito que ela consegue interligar os fatos desde o primeiro livro. Isso sem falar nos contos que ela criou. Ensinam, sabe? E foi ela quem me apresentou a esse mundo. ^^

A habilidade vem com a prática mesmo, mas aposto que vai ser uma profissional competente. :]

Beijo :*

Aninha disse...

É bom viver num mundo cor-de-rosa, mas às vezes é bom ter uma gotinha de realidade, só pra variar ;D
Ótimo post, parabéns ^.^
Adorei o blog, amiga, se quiser, passe no meu :)
Beijos para ti e tudo de bom :*

Ludmila Bello disse...

algodão doce demais é enjoativo.
por isso mesmo, como você disse, é bom sempre reinventar. se fosse a mesma receita sempre, a vida nem teria tanta graça