quarta-feira, 1 de outubro de 2008

E só..

E as ruas de tarde, a dor de cabeça, a dificuldade de concentração já denunciavam. Exalavam o cheiro que eu pude sentir depois, mas ainda não sabia da onde viera. Tudo aumentava de tamanho sem seguir as regras de tempo, uma angustia com gosto amargo, e que negava todos os pensamentos até então. Se minha imaginação me ajudara até ali a ser livre e criar o que quizesse para me satisfazer, naquele momento eu só queria me prender e não soltar mais.
Sabia que seria, só não sabia o que seria. A mascára de heroína caiu, a menininha virou bandida, mesmo sem ser dessa vez. Já tinha sido a vilã, a malvada, a puta! Mas agora era aquilo que mostrara, mas o medo bloquiou sua livre iniciativa de novo.
Melhor assim, percebeu como queria se juntar cada vez mais com aquele corpo na sua frente, e unir as metades que cada um carregava consigo. Queria mostrar pro mundo inteiro que sabia o que estava falando e fazendo e não iria chorar escondido depois. As lágrimas foram escancaradas e sem dó, o chão se abriu, não tinha mais onde pisar, agora o medo era outro. Acordar na manhã seguinte, olhar seu despertador e programar seu dia sem a ligação costumeira e os carinhos noturnos não estava no seus planos.
Interrogação, verbo, interrogação. Adverbio negativo. Outra interregoção. Onomatopéias. Um substantivo afetivo. Risada ironica.
Nada de entrega ou perdão. O caminho traçado em sua mente para levar ao convencimento talvez tivesse falhado ou não fora bem escolhido.
Manter seu orgulho seria melhor? Aquilo seria impossivel, não condiziria com o ritmo em que o coração batia e que os olhos se mexiam buscando uma resposta.
Havia uma saída de emergencia, longe de ser indolor. Mas o raciocinio devia ser rápido, e segui-la seria a melhor solução naquele tempo sem freio. E assim veio a aceitação, o desejo de sorte verdadeiro e os votos mentirosos, daqueles que se faz por educação. Era tarde demais para achar um retorno.
Na despedida, o toque dos corpos fez ambos esquecerem tudo, e sentirem tudo de novo o que sempre sentiram juntos. Porém restrito em poucos segundos, como uma amostra, com gosto de adeus. Os corpos pediam mais, não podiam viver separados, não se encontrariam em outros abraços. A razão perdeu a força, e nesse silêncio houve uma nova interrogação.
Adverbio de duvida. Adverbio de modo. Pronomes relativos e possesivos. E no final um adverbio de afirmação. Daqueles que carregam uma ambiguidade e destoam a certeza. Mas era um sim, ou melhor, um vamos tentar!

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