domingo, 12 de outubro de 2008

ex dia.

O dia amanheceu estranho, um sol timido no meio das nuvens, que mais tarde abriu nesse ceuzão azul. Minha vontade era mesmo não levantar. O conselho colocado em prática, de quando se tem um problema você dorme e quando acorda ele vai estar maior ou menor, não valia de nada. Tudo continuava do mesmo jeito. Queria era fechar os olhos, voltar pra qualquer lugar do meu subconsciente, e ficar lá zanzando. Na verdade queria tudo. Menos voltar pra essa dor.
O meu choro é convulsivo, espontanêo e digo que até mesmo involuntário. O maior dos sentimentos é o desespero. Mãos atadas. Corpo cansado. E mais dor. Muita dor.
Um domingo ensolarado inteiramente vazio. Um dia que já foi meu e não é mais.
Agora eu cresci e tenho que olhar de frente meus problemas e colher minhas decisões. De um dia que a felicidade maior era rasgar papel de embrulho, hoje eu só peço um sorriso.
A cabeça pesa, a razão some, e o coração paradoxialmente torna-se rigído e frágil.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Vai menina, o mundo te espera!

E agora você diz "Ufa, passou". Acabou todas aquelas infelicidades antes de cair no travesseiro, mas deixou uma marca de que tudo isso foi muito forte pra uma cabeça de 18 anos recém chegados.
Seu olho está inchado meu bem, dessa vez não é de chorar. Pegue água morna e pomada. A mãe diz que é estress, resistência baixa, problemas pessoais... mas marca médico para tratar de você.
Ah isso passa logo, daqui a alguns dias você está linda de novo! Seus olhos castanhos, que ficam pequenininhos quando se dá risada estarão perfeitos. Mas e o resto vai estar também?
Ontem foi um bom dia, boas conversas ao telefone, uma noite agradabilissima descontando o frio inesperado. Houve uma saudade nostalgica de um ano que passou, mas você soube gostar do presente que está vivendo. Outubro pareceu tomar forma, uma festa no sabádo, alguns planos... a sensação de prisão ainda assola, mas enfim, renunciou um pouco sua liberdade por paz.
O fim do ano está se aproximando, inscrições feitas, e o vestibular, está com medo? Diz que não, mas na verdade está! Escorregou no meio do caminho e agora levantar não está sendo fácil.
Mas bote fé que você irá conseguir. Tente sozinha, foque seus objetivos, volte aos livros de história, as apostilas de filosofia. Leia sobre o socialismo, o anarquismo, a União Européia. Aprende sobre o Hittler, a raça pura, os arianos. Decore os autores, saiba falar as caracteristicas da obra machadiana.
Para alguns efeitos, você só pode confiar em você mesma.
Vai Dani, sai desse computador, tome um bom banho, cuide dos seus cabelos castanhos aloirados. Levanta-te a cabeça, faça força pra abrir seu olho esquerdo mesmo que ele prefira ficar fechado. Não sinta pena de você mesma. Logo mais você vai precisar ir na academia, liberar endorfinas e sentir uma sensação de prazer esquisita que vem do esporte.
O mundo sorri pra você menina, sorria de volta.
E se precisar de mim, sabe onde me encontrar. Sou seu próprio incosciênte, o anjo e o diabo conselheiro na hora da decisão.
Se cuide, um beijo e até mais.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

E só..

E as ruas de tarde, a dor de cabeça, a dificuldade de concentração já denunciavam. Exalavam o cheiro que eu pude sentir depois, mas ainda não sabia da onde viera. Tudo aumentava de tamanho sem seguir as regras de tempo, uma angustia com gosto amargo, e que negava todos os pensamentos até então. Se minha imaginação me ajudara até ali a ser livre e criar o que quizesse para me satisfazer, naquele momento eu só queria me prender e não soltar mais.
Sabia que seria, só não sabia o que seria. A mascára de heroína caiu, a menininha virou bandida, mesmo sem ser dessa vez. Já tinha sido a vilã, a malvada, a puta! Mas agora era aquilo que mostrara, mas o medo bloquiou sua livre iniciativa de novo.
Melhor assim, percebeu como queria se juntar cada vez mais com aquele corpo na sua frente, e unir as metades que cada um carregava consigo. Queria mostrar pro mundo inteiro que sabia o que estava falando e fazendo e não iria chorar escondido depois. As lágrimas foram escancaradas e sem dó, o chão se abriu, não tinha mais onde pisar, agora o medo era outro. Acordar na manhã seguinte, olhar seu despertador e programar seu dia sem a ligação costumeira e os carinhos noturnos não estava no seus planos.
Interrogação, verbo, interrogação. Adverbio negativo. Outra interregoção. Onomatopéias. Um substantivo afetivo. Risada ironica.
Nada de entrega ou perdão. O caminho traçado em sua mente para levar ao convencimento talvez tivesse falhado ou não fora bem escolhido.
Manter seu orgulho seria melhor? Aquilo seria impossivel, não condiziria com o ritmo em que o coração batia e que os olhos se mexiam buscando uma resposta.
Havia uma saída de emergencia, longe de ser indolor. Mas o raciocinio devia ser rápido, e segui-la seria a melhor solução naquele tempo sem freio. E assim veio a aceitação, o desejo de sorte verdadeiro e os votos mentirosos, daqueles que se faz por educação. Era tarde demais para achar um retorno.
Na despedida, o toque dos corpos fez ambos esquecerem tudo, e sentirem tudo de novo o que sempre sentiram juntos. Porém restrito em poucos segundos, como uma amostra, com gosto de adeus. Os corpos pediam mais, não podiam viver separados, não se encontrariam em outros abraços. A razão perdeu a força, e nesse silêncio houve uma nova interrogação.
Adverbio de duvida. Adverbio de modo. Pronomes relativos e possesivos. E no final um adverbio de afirmação. Daqueles que carregam uma ambiguidade e destoam a certeza. Mas era um sim, ou melhor, um vamos tentar!